domingo, 25 de agosto de 2013

Companhias aéreas vão oferecer nova forma de compra de passagens

Companhias aéreas se preparam para instalar polêmico sistema de venda de passagens 21/8/2013Críticos do novo sistema o acusam de invasão de privacidade. Dados de passageiros estarão disponíveis para empresas e agências antes da apresentação das tarifas disponíveis Com novo sistema será possível, por exemplo, reservar assentos mais espaçosos no avião ou escolher o menu a bordo, mas a privacidade de passageiro fica em xeque BloombergRIO - Companhias aéreas do mundo inteiro estão se preparando para implementar um polêmico sistema de comercialização de passagens que lhes permitirá oferecer um maior leque de serviços e produtos aos clientes que compram os bilhetes por meio de agências de viagem. Será possível, por exemplo, reservar assentos mais espaçosos no avião, escolher o menu a bordo ou contratar serviços oferecidos por empresas parceiras, como aluguel de carro ou motorista para levar o passageiro do aeroporto ao hotel.Alguns desses serviços estão disponíveis em compras feitas diretamente pelo site das companhias aéreas. Mas, se a passagem for comprada em uma agência, o cliente tem acesso basicamente a opções de data e horário de voos para o destino escolhido, pois as plataformas usadas pelas empresas e pelas agências pouco se falam. A ideia do novo sistema é justamente abrir um canal de diálogo direto com o consumidor final e, assim, ampliar os ganhos com a venda dos chamados serviços auxiliares (tudo o que não é a venda do bilhete em si). No Brasil, as agências respondem por quase a metade da venda dos bilhetes das empresas aéreas.Batizado de New Distribution Capability (NDC), o sistema é uma iniciativa da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês), que reúne 240 companhias do setor em todo o mundo. Ele compreende um conjunto de procedimentos que visa a padronizar a comunicação entre aéreas e agências na venda de passagens, incluindo a adoção de uma plataforma única para transmissão de dados, o XML.As diretrizes para a implementação do NDC constam da resolução 787 da Iata, aprovada pelas aéreas filiadas em outubro de 2012 e ratificada na última assembleia geral do órgão na África do Sul, em junho passado. Por essas diretrizes, as companhias poderão fazer uma série de perguntas pessoais aos usuários que lhes permitirão montar um amplo banco de dados, com o registro histórico das viagens do cliente e com dados sobre suas preferências, como se a viagem é a lazer ou a trabalho e quais foram os lugares recentemente visitados. Tais perguntas poderão ser feitas antes da apresentação das tarifas disponíveis.Hoje, as compras feitas diretamente pelo site das aéreas ficam armazenadas no arquivo virtual das empresas, mas o perfil dos clientes que compram as passagens pelas agências de viagem é desconhecido. E mesmo os dados pessoais requisitados pelas aéreas em seus sites se limitam àqueles estritamente necessários para a emissão do bilhete, como nome e endereço. Além disso, eles só são solicitados após a escolha do voo, no momento em que a compra está sendo efetuada.Embora não haja previsão na resolução para que o fornecimento de dados pessoais seja obrigatório, os críticos do NDC já o acusam de invasão de privacidade. Para as aéreas, os dados adicionais simplesmente lhes permitiriam oferecer um produto personalizado, a exemplo do que fazem muitos sites de varejo.— As aéreas querem monopolizar a venda das passagens e modelar as tarifas de acordo com o perfil do passageiro. O NDC será o Big Brother da aviação comercial — afirma o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), Antonio Azevedo.Queda de braçoAs agências têm feito um forte lobby contrário ao NDC. Por trás dessa queda de braço está a provável perda de comissões e o investimento que elas terão que fazer na nova plataforma. Atualmente, muitas aéreas já usam o XML, mas ele não está tão difundido entre as agências. Por isso, estas se valem de um sistema intermediário de distribuição de passagens — são três os mais usados no mundo: Amadeus, Sabre e Travelport — que permite que as suas plataformas conversem com as das aéreas.Para cada reserva de assento feita por uma agência de viagem que usa um desses três intermediários, a companhia aérea paga a eles uma taxa média de US$ 6, dos quais até US$ 2 ficam com o agente de viagens, segundo Azevedo. Com o NDC, a figura do intermediário some e, com ele, a taxa de reserva. Um ganho para as aéreas, que atravessam um período de vacas magras em todo o mundo, e uma perda no bolso dos agentes.A discussão mais acalorada tem acontecido nos Estados Unidos e na Europa. O assunto ganhou um editorial no “New York Times” em março deste ano, intitulado “Passageiros assíduos, preparem-se para pagar mais”, no qual o jornal americano diz que as aéreas poderiam cobrar tarifas maiores de passageiros que sabidamente estariam viajando a trabalho. A Iata nega que isso vá acontecer e diz que o novo sistema permitirá um corte de custos para as companhias, com benefícios para o consumidor.O NDC está sob análise no Departamento de Transportes dos Estados Unidos. No Brasil, o tema ainda não chegou à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Mas algumas empresas já estão se antecipando a esse processo por aqui. A Gol, por exemplo, já usa o sistema XML e já disponibiliza alguns serviços auxiliares aos clientes de agências de viagem que usam a mesma plataforma. Entre eles o seguro de viagem e a venda de assentos especiais. Em breve, ela pretende oferecer os serviços de aluguel de carros e reservas de hotéis para esses clientes. Ambos só estão disponíveis hoje para quem compra diretamente no site da companhia.— Ainda não sentamos com a Iata para discutir o NDC, mas claramente ele permite a comercializão de todos os produtos em todos os canais de venda. É uma oportunidade de ampliar a receita — diz Eduardo Bernardes, diretor comercial da Gol.O projeto piloto do NDC foi lançado este ano, com ao menos 60 empresas ao redor do mundo. A Iata não divulga o nome das companhias, mas é sabido que não há brasileiras entre elas. Os primeiros resultados do piloto devem ser divulgados pela associação em outubro, em um evento em Dublin, Escócia. A expectativa da Iata é que o período de implementação comercial do sistema ocorra entre 2015 e 2016. A adesão será voluntária e cada empresa será “dona” de seu banco de dados, ou seja, não haverá troca de informações entre as aéreas e, sim, entre as aéreas e as agências de viagem.Fonte: O Globo - OnlineNossas notícias são retiradas na íntegra dos sites de nossos parceiros. Por esse motivo, não podemos alterar o conteúdo das mesmas