sábado, 27 de agosto de 2011

A violência que não tem explicação, e muito menos solução...será?


O tema da violência nos persegue insistentemente, e infelizmente é um tipo de assunto que já faz parte do nosso cotidiano.

E não é ao acaso, vejamos as razões.

Segundo a última pesquisa realizada pelo instituto Sangari*, dos cerca de 5 565 municípios em todo território nacional Maceió ocupa o primeiro lugar na taxa de homicídio juvenil, chegando a marca histórica de 251,4 por cada 100.000 mil habitantes, em torno de mais ou menos 450 mortes de jovens entre 15à 22 anos por ano. Isso levando em consideração aos homicídios registrados.

Ainda segundo esse levantamento a taxa de homicídio de jovens chega a no mínimo 1,2 morte de jovem por dia, e somente na capital de Alagoas.

Se analisarmos a situação do Estado de Alagoas o problema continua indicando a calamidade vivida pela nossa população, ou seja, enquanto a média nacional de mortes de jovens diminui desde 2004, chegando ainda a patamares assustadores de 24 mortes por 100 mil habitantes, Alagoas vai de encontro essa tendência e se supera nesta última década atingindo a marca de quase 60 mortes por cada 100 mil habitantes.

Você acha pouco? Bom, é necessário esclarecer que a média mundial de homicídios é de 8,8 mortos por 100 mil habitantes. Quando se observa que países como a Inglaterra o índice de assassinatos de jovens perfaz a média de 0,5 mortes por cada 100 mil habitantes, podendo observar então que vivemos dentro de uma guerra civil.

Agora passemos analisar quem são essas vitimas.

Bom, segundo esse mesmo instituto, e daí a importância de direcionar a pesquisa para os jovens, a faixa etária entre 12 à 22 anos é a mais atingida pela violência no Estado Brasileiro, chegando a uma diferença de mais de 1.000% se comparado aos homicídios de crianças na faixa etária de 0 à 11 anos por cada 100 mil habitantes.

Para se ter uma idéia em 2007 foram assassinadas no país 367 crianças (de 0 à 11 anos), quando neste mesmo período foram mortos no país cerca de 5.724 jovens (de 12 À 19 anos).

Com poucas diferenças entre as Unidades Federadas, a grande maioria (92,1%) das vítimas de homicídio em Alagoas é do sexo masculino.

Os assassinatos geralmente ocorrem nos finais de semana, e aumenta, em média, 73,7% o número de homicídios.

A taxa de homicídio da população negra é bem superior à da população branca. Se, na população branca, a taxa em 2004 foi de 18,3 homicídios em 100.000 brancos, na população negra foi de 31,7 em 100.000 negros.

Isso significa que a população negra teve 73,1% de vítimas de homicídio a mais do que a população branca. Em Alagoas, a situação é muito séria, ultrapassando a casa de 700% de vitimização da população negra em comparação a dita branca, ou seja, para cada 1 branco assassinado 7 negros são mortos.

De 1998 até 2008, Alagoas registrou uma variação na taxa de homicídios de 177,2%. Com isso a taxa de mortes para cada 100 mil habitantes, entre 15 a 24 anos, pulou para 125,3 no estado.

Outras cidades alagoanas aparecem com destaque no mapa, como Pilar, a quinta cidade com o maior número de homicídios no ranking das 100 cidades mais violentas, perdendo apenas para Itupiranga (PA), Simões Filho (BA), Campina Grande do Sul (PR) e Marabá (PA).

A capital de Alagoas chegou ao surpreendente aumento de 222% em 10 anos.
Assim, identificamos alguns aspectos desse fenômeno, ou seja, os jovens são os mais atingidos pela violência.

A violência está muito ligada a condição social desse jovem.

Segundo o censo demográfico 2010 do IBGE a idade de maior índice demográfico em Alagoas está na faixa etária entre 10 à 14 anos para homens (170.956), e Mulheres entre 10 a 14 anos de idade (167.207), ou seja, uma faixa etária que ainda não estaria sendo atingida diretamente pelos números da violência.

Logo após essa faixa etária seria a idade de 15 À 19 anos a faixa etária de maior índice demográfico no Estado, em ambos os sexos.

O que se pode concluir é que não é por acaso que a violência atinge principalmente esse publico, porque é ele o mais presente, e é ele o mais exposto.

A renda média mensal das famílias desses jovens segundo o IBGE (2009) é de R$ 339,00 .

Quase 50% dos pais desses jovens têm menos de 4 anos de estudo.

Segundo o IBGE o rendimento das famílias influiu no acesso e na permanência das crianças e jovens com até 14 anos na escola. Grande parcela das famílias em Alagoas com crianças e jovens nesta faixa estavam, em 2006, entre as mais pobres do país, com rendimento mensal per capita de até ½ salário mínimo, com cerca de 69,2%. Ou seja, o jovem era a principal vitima da pobreza, e por conseguinte da falta de acesso a Educação.

A taxa de analfabetismo dos jovens entre 15 anos ou mais é de 24,6%, conforme dados do IBGE.

Pelo menos 1 em cada 4 jovens tem mais de 2 anos de atraso escolar.
A taxa de mortalidade infantil no Brasil continua em declínio, passando de 36,9‰ para 25,1‰, entre 1996 e 2006, entretanto Alagoas, com 51,9‰, apresentou a mais elevada, em 2006.

Observamos então que temos duas faixas etárias muito próximas, e de maior índice demográfico, e que enquanto uma vivencia um verdadeiro descalabro no que tange a violência a outra ainda não é vitimizada por esse fenômeno.

Entretanto as duas faixas etárias vivenciam as mesmas dificuldades no que tange os problemas das políticas publicas básicas, sendo que se os governantes realmente quisessem modificar a situação de violência deveriam hoje, neste exato momento investirem em Educação, na prática de esporte, na leitura.

Primeiro ponto para se combater a violência, seria haver um pacto das três esferas do Estado, devendo os governos mobilizarem também a sociedade que conjuntamente participaria da implementação de programas.

Deveriam se criar mecanismos de controle e transparência na aplicação dos recursos.
Deveria se aplicar um aporte considerável nas faixas etárias entre 10 à 19 anos, com programas sócias, programas de recreação, esporte, leitura, cidadania.

A família desse jovem deveria ser abarcada pelo programa, o pai e a mãe desse jovem deveriam também ser escolarizados, a família deveria ter a renda aumentada, e sua própria convivência apoiada.

Outra coisa, sem a participação política da população, e sem a representação digna de políticos dos interesses coletivos não se muda esse quadro.

Não se combate a violência apenas com armas, elas deveriam ser um último recurso. A violência deveria ser enfrentada com educação, coma formação de cidadãos conscientes e senhores de suas vidas, capazes de refletirem os problemas da vida, buscando as suas soluções, sem contudo utilizarem de armas para consequirem o que lhes aflinge.

A família,a religião, a educação, o esporte, uma boa condição economica são algumas das soluções para a situação que vivemos.

Além desses indicativos, o exercício consciente e responsável da política seria a arma mais eficaz de combate a violência, mas como exercê-lo se não temos a capacidade de escolhermos nossos representantes de forma correta? E quando o fazemos de forma errada,por que não nos manifestamos para mudar a situação?

Ou seja? vocÊ compreendeu quem são os verdadeiros responsáveis pela violÊncia...





(É uma instituição que desde 2003 realiza pesquisas na área da violência buscando quantificar dados das ocorrências e identificar fatores deste fenômeno)