sexta-feira, 15 de julho de 2011

VIOLÊNCIA, NOSSA INIMIGA DE SEMPRE...ATÉ QUANDO?

Um das melhores formas de compreender os sentimentos dos Alagoanos, é ouvir diariamente às rádios AM em seus programas matutinos de reportagem, por eles o povo relata suas angustias sobre os acontecimentos do Estado.

No que tange a violência, assunto que tem alarmado o Alagoano, continuamente são testemunhos, e descrições de inúmeros casos de irascibilidade, ao ponto de aterrorizar quem escuta.

Inúmeras são as hipóteses das causas da violência, e não menores são as soluções propostas pela população, que se vê em um labirinto sem fim de sofrimento e abandono das autoridades estatais.

O que fazer? Como fazer? E quando realmente iniciara a retomada da cidadania do povo dessa terra?

Lamentável, que tenhamos que nos questionar quase que neuroticamente sobre as razões de tamanha violência.

Diariamente, um mantra macabro se repete em bares, esquinas, rodas de amigos, na mesa do jantar, a onde você estiver ali escutará um caso que lhe relembre que estamos à mercê da sorte.

Mas realmente será que não há uma explicação coerente para justificar esse declínio da nossa sociedade?

Conforme venho escrevendo já algum tempo as razões da violência são inúmeras, se tentássemos expor de uma só vez em texto estaríamos resumindo a historia da humanidade em um artigo, ou seja, impossível se chegar a uma conclusão apenas.

Há,entretanto, pontos objetivos que já poderiam ter sido identificados e trabalhados por meio de políticas publicas pelos nossos governantes, e aqui ressalto, políticos e gestores da maquina do Estado, porque são eles os principais elaboradores e mantenedores da estrutura estatal, e deveria ser por eles que as praticas deveriam ser efetivadas.

O que se esperar de um Estado que segundo a publicação do Estado de São Paulo, comentando a PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE, revela:

Alagoas é o Estado mais pobre do Brasil, com renda média mensal per capita de R$ 219, 17,6% abaixo da média nordestina e 52,6% menor do que a média brasileira.Ressaltando que o indicador caiu em todos os anos desde 1999 e hoje é 9,5% inferior ao daquela data.

Que 62,5% dos alagoanos vivem abaixo da linha da pobreza, o maior porcentual entre todos os Estados. Observe que no Brasil como um todo, o número de pobres caiu de 33,9% para 31,7% entre 1999 e 2004. No Nordeste, a queda foi de 58,6% para 55,3% no mesmo período. Em Alagoas, houve aumento de 60,2% para 62,5%. No início da década de 90, Alagoas tinha a segunda menor proporção de pobres no Nordeste, só perdendo para Sergipe.

Em número de miseráveis, Alagoas é o segundo pior Estado, com 32,74% em 2004, só ganhando do Maranhão. No Brasil, a proporção de miseráveis caiu de 14,3% para 12,3 % entre 1999 e 2004, num recuo de 14%. No Nordeste, a redução foi de 9,4%, saindo de 29,6% para 26,8%. Em Alagoas, a queda foi de apenas 2,1%, de 33,4% em 1999 para 32,7% em 2004.

O índice de mortalidade do Estado é de 6,2 por mil habitantes e a taxa de mortalidade infantil é de aproximadamente 66 óbitos antes de completar um ano de idade, para cada mil crianças nascidas vivas.

Alagoas apresenta o menor IDH do Brasil: 0,677, equivalente ao IDH do Gabão, 119º do mundo.[4] As cidades do Litoral e o centro do estado apresentam IDH médio, que varia de 0,551 a 0,750. Enquanto as cidades do oeste, mais conhecido como "sertão", apresentam IDH baixo, que varia de 0,460 a 0,560.

Alagoas é o Estado com o maior índice de analfabetismo de maiores de 15 anos, 29,5% em 2004. A média nordestina é de 22,4% e a do País, de 11,2%. No analfabetismo infantil (10 a 14 anos), Alagoas também é recordista: 11,3% em 2004, em comparação com 3,6% no Brasil e 8% no Nordeste.

A Pnad revela que Alagoas tem a pior escolaridade média da população adulta entre todos os Estados, de apenas 4,2 anos, mesmo nível de 1999. No Nordeste, este indicador saiu de 4,2 para 4,9 anos, entre 1999 e 2004, e no mesmo período o Brasil avançou de 5,7 para 6,4 anos.

Também é o pior Estado na defasagem escolar média, que atingia 1,7 ano em 2004, e no porcentual de crianças com 10 a 14 anos que têm atraso escolar de 2 anos ou mais, de 29,9%. A Pnad 2004 mostra que no Nordeste aqueles indicadores eram de, respectivamente, 1,5 ano e 22,9%. No Brasil, de 1 e 12,8%.

Em Maceió, onde vive 34% da população do Estado, existem pelo menos 180 favelas

Apenas 3 em cada 10 domicílios de Alagoas tinham esgotamento sanitário de qualquer tipo, incluindo fossas sépticas

E vou parando por aqui para não entrar em depressão.

O que podemos concluir?

Jamais foram feitas políticas publicas sérias neste Estado, não se pensou em ploticas estatais, sendo os procedimentos meramente governamentais, e em opinião própria, mais eleitoreiros do que qualquer outra coisa.

Não se pensa no que virá, nas gerações que construímos, nos nossos filhos, nos que hão de nos suceder.

A educação, e aqui falo de educação de qualidade é um caminho para se conter essa calamidade que se instalou no nosso Estado.

E espero que não entendam que Educação de qualidade prender a criança dentro de colégios em dois turnos, sem merenda, sem planejamento, sem qualquer estrutura, sem professores qualificados, famélicos, doentes, desestimulados, humilhados, e desvalorizados.

Politica de segurança não se faz apenas com compra de armas, é feita por meio de mobilização de todas as secretarias, principalmente as com resultados mais evidentes, como a Educação, saúde e assistência social.

Os gestores parecem desconhecer o ABC da administração publica, que deveria reverter com toda intensidade as verbas possíveis e impossíveis para a pasta da Educação.

Ontem voltando para casa depois de um almoço em família sou levado mais uma vez a repetir o mantra macabro da violência, uma trabalhadora de uma farmácia foi morta em um assalto, ao meio-dia, na avenida mais movimentada da capital...o que dizer?

Voltando para as entrevistas, é curioso, e esclarecedor escutar os “ouvintes” das Rádios, que por suas expressões são o registro de tudo que se relata neste texto, totalmente órfãos, e compreenda, mesmo assim, são dignos, estão alarmados, pedem socorro, mas não sabem como mudar este quadro.