Os óbitos na faixa de 20 a 24
anos atingem muito mais os homens do que as mulheres, segundo
resultados do Censo 2010. O número sobressai na pesquisa no IBGE, que
apurou uma média nacional de 419 mortes de homens para cada 100 óbitos
de mulheres nessa faixa etária. Embora não tenha sido indagada a causa,
técnicos ressaltam que a violência é fator determinante para a maioria
das mortes nesse grupo de idade, especialmente entre os homens.
São os chamados óbitos por
causas externas, como homicídios e acidentes de trânsito. "Acredito que
algumas políticas públicas vão alterar o perfil (da mortalidade de
homens jovens) daqui para a frente, como o maior controle do uso de
álcool para quem dirige e as políticas voltadas para redução da
violência", disse a presidente do IBGE, Wasmália Bivar.
No Estado de Alagoas,
morreram 798 homens para cada grupo de 100 mulheres na faixa de 20 a 24
anos em 2010. Foi a primeira vez que recenseadores do IBGE apuraram essa
informação em todo o País.
Para o pesquisador Fernando
Albuquerque, um dos responsáveis pela publicação, os números do Censo
confirmam outros estudos feitos pelo IBGE. "Já havia um indicativo do
aumento da violência em Alagoas, principalmente entre a população
masculina de jovens adultos."
Declínio. A sobremortalidade
masculina ocorre em quase todos os grupos de idade, mas principalmente
entre 20 e 24 anos. Nesse grupo, 80,8% do total de mortes (32.008) se
referem à população masculina. A partir dessa faixa etária, o indicador
começa a declinar até atingir, no grupo de 100 anos ou mais, o valor
mais baixo, de 43,3 óbitos de homens para cada 100 óbitos de mulheres.
Aos 81 anos, o número de
óbitos dentro da população feminina já começa a ultrapassar o da
masculina, por causa de um maior contingente de mulheres. Também foram
apurados valores elevados nos grupos de 15 a 19 anos (350 homens para
cada 100 mulheres) e de 25 a 29 anos (348 homens para cada 100
mulheres).
Segundo o pesquisador do
IBGE, foi possível captar mais óbitos no Censo do que no Registro Civil
(que apura informações em cartórios), principalmente entre menores de um
ano. No caso do Maranhão, por exemplo, o aumento chegou a 280%, com
2.246 mortes de menores de um ano apuradas no Censo. No Amazonas, houve
incremento de 92% no mesmo tipo de registro.
"Isso ocorre principalmente
em locais mais pobres onde há dificuldade de acesso aos cartórios, como
regiões ribeirinhas. São óbitos que nunca vão ser registrados. Muitas
vezes são enterrados no próprio quintal." Como exemplo dessa
dificuldade, o pesquisador citou a cobertura de cartórios na Região
Norte, onde cada um fica responsável em média por 6 mil quilômetros
quadrados, e na Região Sudeste, com média de 320 km² por cartório.
No Brasil, 3,4% dos óbitos
ocorreram antes do primeiro ano de vida. Em 1980, o índice era de 23,3%.
Houve, portanto, um declínio de 85,4% em 30 anos. As informações são do
jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Agência Estado